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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

4º Festival Querência da Poesia Gaúcha


Bueno, eis que recebi o chasque do  4º Festival Querência da Poesia Gaúcha  que acontecerá em Caxias do Sul no dia 29/01/2011 e acho muito justo divulgar essa boa nova com vocês, caros apreciadores dessa grandiosa arte.

O festival é um concurso artístico-literário de poesia e declamação com temática gauchesca regionalista, aquela que fala dos "Usos e costumes do povo gaúcho", que visa à valorização e difusão da cultura gaúcha.

Só poderão participar do concurso poemas inéditos, ou seja, não publicados e nem gravados e que estejam relacionados aos objetivos do evento.

As inscrições serão efetuadas mediante a apresentação da ficha de inscrição, devidamente preenchida e assinada pelo autor, com quatro cópias digitadas.  

O prazo para as inscrições encerra-se no dia 10/12/2010.

Endereço para inscrição: Querência da Poesia Xucra - Rua Deonilo Zanella, 274, B: Santa Lucia CEP: 95030-855 Caxias do Sul - RS

ou pelo e-mail: querenciadapoesia@gmail.com

Encerrado o prazo para as inscrições, a comissão avaliadora selecionará os 10 poemas finalistas que serão interpretados a partir das 17h do dia 29/01/2011 nos Pavilhões da Festa da Uva, onde também estará acontecendo o 23º Rodeio Crioulo Nacional de Caxias do Sul.

Premiação:

POEMA

1º lugar: R$ 300,00 + troféu

2º lugar: + troféu: R$ 200,00 + troféu

3º lugar: R$ 150,00 + troféu

INTÉRPRETE:

1º lugar: R$ 300,00 + troféu

2º lugar: + troféu: R$ 200,00 + troféu

3º lugar: R$ 150,00 + troféu


AMADRINHADOR:

1º lugar: R$ 300,00 + troféu

2º lugar: + troféu: R$ 200,00 + troféu

3º lugar: R$ 150,00 + troféu

Bom o convite está feito, vale a pena participar e prestigiar esse evento que promete ser mais um show de talento e sensibilidade.


Confira aqui a ficha de inscrição para impressão:

Na foto um dos finalistas do 3º festival, Ariel Pereira declamando "Carta ao Amigo Rio Grande", o poema você confere abaixo:

CARTA AO AMIGO RIO GRANDE


Meu velho amigo Rio Grande,
Na voz dos bichos, da chuva, a noite pranta lamentos,
Pois é tempo d’invernia destoutro lado da terra. . .
Também eu, choro o momento ao te contar tal enredo,
Pois o meu peito anda ermo, quase imitando tapera. ..

Achei estar preparado prá o flete alcunhado mundo. . .
Ledo engano, nem te conto, que o matungo desengano
Me derrubou já faz tempo. . .

Cevei quimeras truncadas, no bojo do coração,
Achando q’este universo, chamado primeiro mundo,
Fosse melhor do que o nosso. . .
Patacoada mais grongueira, um balaio de inverdades
Quando mentem pro vivente, que a tal da felicidade,
Só podem ser encontrada, num jardim ornamentado,
Que batizaram cidade. . .

Meu velho amigo Rio Grande.
Cambiei dos “zóio” a mobília, viuvei das vistas do campo. .
Agora, não tenho aurora como estava acostumado:
Já não ouço sinfonia do gado mugindo em coro,
Do quero-quero alarido, latido da cachorrada
Tropilhas de puro sangue, num faz de conta, manadas,
De sabugos escolhidos, que aos berros iam ponteadas. . .

Não tem prosa de galpão nestas tardes de aguaceiro,
Nem cuia de mão em mão no mate escorropichado,
Rapadura, bolo frito, pinhão num grito estalando,
Quando apinchado na alcova d’um braseiro estorricando. . .

Meu Velho amigo Rio Grande. . .
Carteio um jeito sem custo, que não vá ferir meu peito,
Pois o mesmo quietarrão, hoje é virado em porfias. . .
Parece trazer a sina destes campeiros teatinos,
Com tantas encruzilhadas que não lhes resta opção. . .

D’um sonhador alquimista, neste palco de concreto,
Virei andante nas ruas, sentindo a pua saudade,
Atristar olhos risonhos, que amorfaram por completo. . .

Hoje me pranto aos molhos, prá não dizer aos pedaços. . .
Desmanchado,cato aos nacos,meu coração quase um caco,
Desta saudade dos meus. . .

As noites que cruzo em claro tem nos anais da memória,
Por-de-sois com marcações, rodeios com gineteadas...
Da imagem da minha amada, uma beira, quase um nada
Um leve contorno à lápis, pela poeira engolfada. . .

Neste cafundó estrangeiro, ando campeando um saleiro
Onde repor minerais. . .
Uma Cacimba que aplaque, esta m’a sede de busca,
Tantos ais, e tanta angústia, que não me cabem no peito. . .
Talvez, as velhas quimeras q’inda restam pelo mesmo,
Um dia vinguem nos campos que eu vivia, mas não vi. . .

Prá amansar ânsias renhidas, ando mastigando uns versos,
Temperados com lembranças do chão onde fui parido,
Assim, ludibrio a fome, que traz por nome saudade. . .

Meu velho amigo Rio Grande,
Ando carteando uma sina,que botou flor no meu truco,
Se o carteio é pesado? Ala fresca! nem te falo,
Mas hei de rezar meu terço, nem que eu rasgue dez baralhos. .

Buenas, vou terminando, por que a soga saudade,
Q’um dia foi espichada, faz noites, vem sufocando,
E aos poucos aperta o cerco, reduzindo sua armada. . .
Deixa estar patrício amigo, que nem tudo são angustias,
Depois de tirada a cisma, enfreno minhas domandas
De tantos ais e porquês. . .

Viro a cambona na brasa, e a taramela da casa
Por fim vai cumprir função. . .
Antes que seja tarde, e tarde a hora de voltar,
Telureio campos largos, buscando teu aconchego,
Me achego num fim de tarde, prá me embriagar de amargos,
Cevados com risos, rimas, prosa, canto e amizade. . .

Deste devaneio incerto, que um dia gerou tormentas
Nas baias do coração. . .
Será bem mais do que um rito, contada aos filhos e netos
Nestas tardes chuvarentas. . .
Será tão só nostalgia d’um manuscrito traçado,
Pois o meu foi falquejado, no dia em que fui parido. . .


Cidade: São José do Ouro
Autor: João Antonio Hoffman Marin
Intérprete: Ariel Pereira
Amadrinhador: Violão - Luis Alberto dos Santos Gonzales





Dicas para declamação de poemas

1 - Escolher um poema significativo e pequeno para começar.

2 – Escrever ou copiar os versos em folhas separadas (dos livros)
para facilitar o manuseio;

3 - Dar um numero a cada verso e a cada folha para reforço da
memória visual.

4 - Procurar no dicionário o significado de cada palavra
desconhecida.

5 - Procurar entender a mensagem global do autor.

6 - começar com os primeiros versos com o uso da "ladainha", ou
repetição.

7 - Para cada verso associar imagens mentais correspondentes com se
estivesse lembrando de um cenário.

8 - Começar a declamar os versos de maneira repetitiva e em voz alta
dando ênfase à declamação ou emocionalizando os versos.

9 - Manter-se sempre a folha com os versos que estão sendo
trabalhados, usando qualquer oportunidade para reforçar a memória,
(no sinal de transito, no banheiro, nos momentos de lazer etc.).

10 - O uso conjugado de todas as memórias (verbal, auditiva, visual,
emocional, cinestésica) vai consolidando a reminiscência, pela qual
os versos se tornam a cada dia mais claros e vividos na memória.

11 - Em geral nós promovemos um encadeamento da memória em que cada
ultima estrofe declamada nos trás à superfície a primeira estrofe do
próximo verso.

12 - Com o uso das paginas e versos numerados podemos atrair para a
superfície partes determinadas dos poemas.

13 - A partir da primeira declamação em publico bem sucedida temos
um reforço extraordinário da auto-estima pela via do reconhecimento.

14 - Este prazer nos leva a buscar novas oportunidades de declamar
(que nunca faltam) , aumentando a cada dia nossa autoconfiança.

15 - A partir desde ponto podemos manter apenas o trabalho de
manutenção de poemas já dominados e exercitarmos novos poemas com
nossos instrumentos de memória já melhor qualificados.

Declamação infantil




Como já comentei aqui eu iniciei declamando ainda bem pequena, com uns 6 anos de idade. Lembro bem da primeira poesia, e ela não era digamos assim apropriada para a minha idade, falava de peleia, sangue e tudo mais, depois dessa veio a Prenda Farroupilha, do autor Dimas Costa, Prenda Gaúcha de Gonçalves Chaves Calixto, Aparição - Dimas Costa e entre outras Ofício de Mulher do autor Lauro Teodoro.
O meu primeiro troféu veio com a poesia Prenda Gaúcha, e foi com ela que me destaquei na categoria prenda mirim. Mas a poesia que mais me marcou nessa época foi Ofício de Mulher, por depois motivos: Primeiro porque o autor da mesma me convidou para interpretá-la no Projeto, idealizado por ele, Memória Viva do Galpão (cd de poemas infantis interpretados por crianças) e segundo porque foi com essa poesia que a minha irmã, na época com uns 3 aninhos se não me engano, ensaiava declamar alguns versos soltos dessa poesia, e, mais, sem ninguém ensiná-la, ela decorou de tanto me ouvir ensaiar e acabava me imitando. Depois disso, ela começou a concorrer em rodeios e também foi premiada algumas vezes com esse poema. Bom mas você deve estar se perguntando qual a relação disso com a imagem lá no início do post ?! Pois bem, aquela imagem é da poesia que faz parte da coleção " As vozes do campo", livro de poemas ilustrados para os peõzinhos e prendinhas que têm interesse em começar na arte. A coleção também é de autoria do poeta Lauro Teodoro.

Abaixo a prenda mirim Laís declamando "Aparição"- Dimas Costa.



segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Fonte de inspiração

Não são só os poetas que precisam de inspiração na hora de compor os seus versos, os declamadores também buscam uma fonte da onde possam tirar as suas inspirações para  o momento de interpretar os poemas.

Eu, particularmente, me inspiro olhando o campo, sentindo um ar puro, olhando pro azul celeste. Nada como ter uma boa paisagem para elevar a sensibilidade de um declamador.

Já declamei em muitos lugares, os meus favoritos são ao ar livre, onde posso ver o campo e imaginar a história interpretada acontecendo na frente dos meus olhos, nesse mesmo campo.

Essa imagem é uma boa fonte de inspiração, divido-a com vocês!

Nesses sites abaixo, poderão encontrar mais imagens como esta.

* Photosearch

* Foto blog Imagens da natureza




sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Louco - Vaine Darde

Hoje, conforme prometido no post anterior, trago o poema "LOUCO" de Vaine Darde.

O poema que fala das coisas simples do campo, tantas vezes despercebidas aqueles que se importam com tais singelezas acabam sendo considerados loucos.

Para ver mais textos e poemas do autor clique aqui.

No vídeo abaixo o declamador Luís Afonso Torres interpreta o poema.



LOUCO

Vaine Darde

Eles me interditaram...
Afastam-me das domas,
Não me deixaram usar adagas,
Nem, sequer, cuidar do fogo...
E conspiram contra mim
Com silêncio e solidão.

Pois alegam, uns aos outros,
Que me tornei perigoso
Desde quando me encontraram
Conversando com as ovelhas,
Desde quando descobriram
Que eu cultivo girassóis
Por devoção às abelhas.

Dizem que ando variando
Com milongas circulares
Na canção dos cataventos,
Que fiquei de miolo mole
e me desfiz das esporas
Por ter pena dos cavalos...

Proibiram-me transpor
Os limites da porteira
Numa espécie de desterro
Que me exila na querência.
Mas, eu sei que eles não sabem
Que os olhos de quem sonha
Vêem além dos horizontes...

Eles dizem que sou louco
Porque vago pela estância
Conferindo cada ninho
Onde os voos eclodiram,
Fazendo tenda do pala
sobre o topo das coxilhas
Pra navegar nas estrelas
Nessas noites de verão...

(Imagina se soubessem que eu carrego,
nos pessuêlos, uma colméia de versos...)

Mas enquanto eles proseiam
Agrupados no galpão,
Para encantar meu silêncio
O vento canta pra mim,
As sangas cantam pra mim,
Os grilos cantam pra mim.

Enquanto eles, que se julgam certos,
Tomam mates sonolentos
Com a água da cacimba.
Eu, numa cambona de açude,
Sorvo a lua num porongo
E povoo a solidão
Com as ausências que me habitam.

Eu embrulho a palavra
Numa folha de papel
Onde guardo traduções de ocasos e auroras,
Onde exponho meu silêncio
Com zumbidos de abelha
E confesso a ternura
Que dedico aos que me odeiam.

Eu trabalho mais que eles.
Sou só um nas sesmarias
Pra saber de cada flor,
Pra saber de cada pássaro
Com que o campo sinaliza
E os outros não percebem...

Eles, sequer, reparam
Quanto sol de cada dia
Se acumula nas laranjas,
Que porção de lua cheia
Se derrama em frenesí
Na gestação da semente.
Eu, sim, eu sou livre entre
o campo e as estrelas,
Eu sei todos os caminhos
que a querência me revela
Porque vivo além de mim
O que a vida me concede.

Mas, se louco é ser dono de si mesmo
E saber que as laranjeiras
Choram lágrimas de pétalas
Num cio vertiginoso
De excessiva floração,
É ter consciência plena
Que a loucura é a poesia
Que, por não caber do peito,
Se extravasa em dialetos
E ilumina seus eleitos:

Então eles estão certos:
Eu sou mesmo perigoso,
Uma ameaça constante
De povoar o galpão
Com guitarra e ar-iris,
E abelha, e girassol.

Não, não é a mim que eles temem
Porque sabem inofensivo
Meu delírio musical...
O que eles não suportam
É aceitar a realidade
De um louco ser feliz.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Louca - Vaine Darde

Hoje trago um verso de brinde para vocês!

Chama-se Louca de autoria do grande poeta Vaine Darde. Louca é a resposta ao poema, declamado pelos peões, chamado Louco, do mesmo autor.

No vídeo a declamadora Carin Burtet, interpretando o poema na 13ª Quadra da Sesmaria da Poesia Gaúcha em Osório.

No próximo post coloco a versão masculina, que também é muito emocionante e muito declamada nos rodeios.

Bons versos!





LOUCA
Vaine Darde

Louca?
Por que será que sou louca?
Será porque ando lendo
Tantas sílabas de lua
nos versos dos pirilampos,
que decifro pelos campos
pra ser trova em minha boca?

Ou, nas noites de verão
bordo luar no vestido,
ponho estrelas nos cabelos,
em estranhas atitudes...
Ao banhar-me de poesia
no céu que fica invertido
cintilando refletido
nos espelhos dos açudes?

Louca?
Por que será que sou louca?
Será porque me interno
num mundo de fantasia
entre o horizonte e o galpão?
ou, pelas manhãs de inverno,
sou a noiva abandonada
arrastando nas canhadas,
o seu véu de cerração?

Ou porque quando amanhece
Abro os olhos e a cancela
pra deixar entrar o sol...
E enquanto a manhã se cora
me emolduro na janela
sorvendo a luz da aurora
num mate cevado a gosto
com jujo do arrebol?

Louca?
Por que será que sou louca?
Porque envolta em lonjuras
deliro com a ternura
da primavera rural?
Ou porque, quando me encanto,
adormeço ouvindo o vento
declamar no cata vento
estrofes de temporal?

Talvez seja pelo fato
de povoar a solidão
com lembranças de alguém...
Ou de andar gastando a vida
sendo a moça prometida
desse moço que não vem...
Por bordar um enxoval
com lágrimas e esperança
ou enxergar com alma
o que os olhos não vêem...

Eu até posso ser louca
por ter crises de ternura
quando tantas criaturas
declinaram de seus sonhos
e só vivem por metade
por achar que a realidade
só transita no visível...
Pois há muito me disponho
a encantar os infortúnios
vivenciando os plenilúnios,
sobre as flores dos lençóis,
nos meus sonhos de menina
quando a lua se ilumina
pra acordar os girassóis

Louca?
Será que me dizem louca
pelo doce desespero
de perseguir o cincerro
que bate no coração?
Ou nunca fechar a porta
a esperar quem não volta
com arco-íris nos olhos
e margaridas nas mãos?

Ah, o amor é um luzeiro
que toda vez que alumbra
traz o céu para a penumbra
pondo estrelas no candeeiro.
É encontro e desencontro
numa ausência tão presente
que faz a vida da gente
viver na vida do outro.
Estabelece critérios
e tira a gente do sério
por seguir o coração...
É transpor o concebido
ao encontar um sentido
para perder a razão.

Não sei se perdi o tino
ou se foi que me encantei
de amor em desvario?
Só sei que nas noites claras
a loucura me ampara
e vejo o que ninguém viu:
enquanto o céu chove estrelas
a lua dança no rio...

Pode ser que eu seja louca
mas tenho cá minhas causas...
A vida é bela e tão pouca
pra viver presa “nas casa”.
Pois quando ando no campo
e vou além da porteira,
o meu olhar com goteiras
se acende de pirilampos...

Louca?
Concordo que seja louca
porque invento quimeras
na crença dessas esperas
que chegam ao sol se pôr...
Porém prefiro sofrer
desta loucura sadia
que encanta de poesia
e enche o mundo de cor,
do que passar pelos dias
sem conhecer a magia
que enlouquece de amor!

Para recordar...

Estive pensando quando foi a última vez que concorri na declamação, e me dei conta que já vai fazer 2 anos que não subo num palco para declamar. A última vez que concorri foi em Janeiro de 2009 no  21º Rodeio Nacional de Caxias do Sul onde obtive a terceira colocação. Lembro-me muito bem desse dia, borboletas no estômago, friozinho na barriga, a família toda reunida para assistir, amigos torcendo. Que saudades disso tudo, como é bom ver as pessoas que tu ama te prestigiando, te apoiando e torcendo por ti, ? Acho que isso já é uma recompensa por todo o nervosismo que se passa antes de um concurso. Não sei vocês, mas eu fico sempre muito nervosa, parece que sempre é a primeira vez que vou declamar. Esse post é para eu recordar dessa fase tão marcante, desses momentos que me encheram de alegria e que fizeram aumentar cada vez mais essa minha adoração pela arte de declamar o Rio Grande do Sul . Aqui eu recordo com vocês esse poema que tanto me encanta"Um certo tropeiro Lua Nova" de autoria de Guilherme Collares. Espero que gostem!




Onde encontrar poemas?

Uma das dificuldades de quem declama é encontrar poesias novas. É lógico que eu não dispenso um bom e velho livro de poesias, mas como a internet veio pra facilitar a nossa vida, também podemos encontrar bons versos que estão disponíveis na rede. Gosto muito desse site que apresenta diversos poemas listados em ordem alfabética por autor.
Sempre temos um autor com quem nos identificamos mais, não é mesmo? Bueno, ali poderão conhecer mais trabalhos que podem ajudá-los na busca de um novo verso para dar aquela renovada nas apresentações. Eu particularmente, não gosto de mudar de poema em tão pouco tempo, acredito que é necessário conhecer bem a poesia, trabalhar em cima dela para que a cada apresentação ela não se repita na interpretação mas traga sempre algo a mais para mostrar que técnica é necessário na arte declamatória mas que sem sentimento de nada adianta. A declamação não pode ser fria, com gestos calculados e/ou decorados, com a interpretação copiada, a declamação pede autenticidade, envolvimento, sensibilidade, é o momento onde a alma se expressa.
E, bem, cá entre nós declamadores, nós sabemos e sentimos, quando um verso já deu o que tinha que dar, não é verdade? É exatamente nessa hora que devemos dar uma inovada e renovar o repertório.
Bons mates!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

25º ENART- Declamação


Nesse fim de semana passado aconteceu em Santa Cruz do Sul a 25ª edição do ENART. Eu que quase nem gosto de tudo isso, estive presente nesse que é o maior festival amador da América Latina. Pude ver velhos amigos, me emocionar com os grupos de danças e me encantar com as declamações. Como estava fazendo a cobertura dos bastidores do CTG Lanceiros de Sta Cruz, infelizmente, não consegui ver as apresentações das prendas como tanto queria, mas para compensar vi os peões que não deixaram por menos e deram um show de interpretação e sentimento.

Destaque merecido para o Campeão, Vinicius Nardi, representante do CTG Paisanos da Tradição de Bento Gonçalves, que com sabedoria interpretou três personagens no mesmo poema, e como já diz o ditado: " os últimos serão os primeiros", assim aconteceu, Vinicius foi o último a se apresentar na tarde de domingo. A poesia declamada era leve e divertida, diferente de todas as apresentadas e de todas propostas de poemas que conhecia. Gostei muito.
Perdeu a apresentação do Vinicius? Ficou curioso (a)? Não te preocupa, aqui poderás ouvir o poema interpretado pelo atual campeão na apresentação final do ENART.

Confira abaixo os vencedores:

Declamação Masculina

1º lugar: Vinicius Nardi - CTG Paisanos da Tradição - Bento Gonçalves 11ªRT

2º lugar: Luciano Salerno - CTG Gaudério Serrano - Bento Gonçalves 11ªRT

3º lugar: Ariel Vareiro Pereira - CTG Herdeiros da Tradição - Caxias do Sul 25ªRT


Declamação Feminina

1º lugar: Júlia Graziella Azambuja dos Santos - CTG Lila Alves - Pinheiro Machado - 21ª RT

2º lugar: Evelaine Andréia Barbian - CPF Terra de Um Povo - Venâncio Aires - 24ª RT

3º lugar: Kassiana Oliveira da Silva- GAN Ivi Maraé - São Leopoldo - 12ª RT


Aqui você encontra o resultado completo do Enart 2010.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Pealo da Saudade


A declamação se faz presente em minha vida desde os meus seis anos. Meu pai foi quem me ensinou os primeiros versos de uma poesia chamada "Pealo da saudade", a qual me recordo muito bem inclusive da minha primeira apresentação no palco do CTG Rodeio Minuano, Caxias do Sul, onde meu primo comemorava seus 18 anos em uma festa bem gaúcha. Após essa apresentação comecei a participar do CTG, e, aos poucos, fui decorando outros poemas, me apresentando, concorrendo em rodeios até que veio o primeiro troféu, de segundo lugar, mas que pra mim parecia ser de primeiro, tamanha a felicidade que senti. Participei deste e de muitos outros rodeios, participei do Cd Projeto Memória Viva do Galpão (poemas infantis interpretados por crianças) do poeta Lauro Teodoro. Encontrei muitas pessoas nesse caminho e fiz muitas amizades.
Foi assim que iniciou essa minha paixão pela arte declamatória, hoje não participo ativamente dos concursos de declamação, motivos? A falta de tempo e a vida adulta imperando suas obrigatoriedades. Mas não coloquei um ponto final nessa história, tenho muita vontade de voltar aos palcos simplesmente pelo prazer de declamar. Mantenho vivo esse sentimento que tenho por essa arte. A declamação vai muito além de interpretar um poema. Viver a história que o declamador conta, e o mais importante, levar todos os que o escutam/assistem pra dentro dessa história, fazê-los ver essa mesma história que o declamador vê quando interpreta, fazê-los crer, em cada palavra que o declamador diz e por consequência, fazê-los sentir toda a emoção que o declamador sente. Isso sim é declamar, é viver a poesia, é ver o que se fala, é se incluir em cada verso.
Algo que apenas quem vive esse momento entende essa fortaleza de sentimentos que transborda a medida que o poeta escreve as suas emoções através de versos e estrofes e o declamador da vida ao poema através da sua sensível interpretação. É, acho que esse blog vai servir para eu matar a saudade dessa fase tão incrível que vivenciei através da declamção que me fez: "Prenda Farroupilha" e " Prenda Gaúcha"; me fez entender cada Maria, através do poema "Das Marias que ficaram", como também sobre o "Faustino Tropeiro"; "Ofício de Mulher" foi um presente muito bem vindo, me fez ver/sentir a força e a sensibilidade da mulher gaúcha; "Romance da Mulatinha" tão triste e tão forte, me fez crescer na declamação assim como os medos que o "Aqui estou Senhor Inverno" me fizeram enfrentar, e, por último,"Um certo tropeiro Lua Nova" que enche meu coração de saudades e, por isso, dispensa comentários.
Aqui vocês encontrarão, caros leitores e apreciadores da arte
declamatória, um pouquinho desse universo que encanta e contagia a todos. É, o Pealo da Saudade está de volta em minha vida, ou melhor, sempre esteve, talvez eu é quem não tenha percebido.