Pages

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

4º Festival Querência da Poesia Gaúcha


Bueno, eis que recebi o chasque do  4º Festival Querência da Poesia Gaúcha  que acontecerá em Caxias do Sul no dia 29/01/2011 e acho muito justo divulgar essa boa nova com vocês, caros apreciadores dessa grandiosa arte.

O festival é um concurso artístico-literário de poesia e declamação com temática gauchesca regionalista, aquela que fala dos "Usos e costumes do povo gaúcho", que visa à valorização e difusão da cultura gaúcha.

Só poderão participar do concurso poemas inéditos, ou seja, não publicados e nem gravados e que estejam relacionados aos objetivos do evento.

As inscrições serão efetuadas mediante a apresentação da ficha de inscrição, devidamente preenchida e assinada pelo autor, com quatro cópias digitadas.  

O prazo para as inscrições encerra-se no dia 10/12/2010.

Endereço para inscrição: Querência da Poesia Xucra - Rua Deonilo Zanella, 274, B: Santa Lucia CEP: 95030-855 Caxias do Sul - RS

ou pelo e-mail: querenciadapoesia@gmail.com

Encerrado o prazo para as inscrições, a comissão avaliadora selecionará os 10 poemas finalistas que serão interpretados a partir das 17h do dia 29/01/2011 nos Pavilhões da Festa da Uva, onde também estará acontecendo o 23º Rodeio Crioulo Nacional de Caxias do Sul.

Premiação:

POEMA

1º lugar: R$ 300,00 + troféu

2º lugar: + troféu: R$ 200,00 + troféu

3º lugar: R$ 150,00 + troféu

INTÉRPRETE:

1º lugar: R$ 300,00 + troféu

2º lugar: + troféu: R$ 200,00 + troféu

3º lugar: R$ 150,00 + troféu


AMADRINHADOR:

1º lugar: R$ 300,00 + troféu

2º lugar: + troféu: R$ 200,00 + troféu

3º lugar: R$ 150,00 + troféu

Bom o convite está feito, vale a pena participar e prestigiar esse evento que promete ser mais um show de talento e sensibilidade.


Confira aqui a ficha de inscrição para impressão:

Na foto um dos finalistas do 3º festival, Ariel Pereira declamando "Carta ao Amigo Rio Grande", o poema você confere abaixo:

CARTA AO AMIGO RIO GRANDE


Meu velho amigo Rio Grande,
Na voz dos bichos, da chuva, a noite pranta lamentos,
Pois é tempo d’invernia destoutro lado da terra. . .
Também eu, choro o momento ao te contar tal enredo,
Pois o meu peito anda ermo, quase imitando tapera. ..

Achei estar preparado prá o flete alcunhado mundo. . .
Ledo engano, nem te conto, que o matungo desengano
Me derrubou já faz tempo. . .

Cevei quimeras truncadas, no bojo do coração,
Achando q’este universo, chamado primeiro mundo,
Fosse melhor do que o nosso. . .
Patacoada mais grongueira, um balaio de inverdades
Quando mentem pro vivente, que a tal da felicidade,
Só podem ser encontrada, num jardim ornamentado,
Que batizaram cidade. . .

Meu velho amigo Rio Grande.
Cambiei dos “zóio” a mobília, viuvei das vistas do campo. .
Agora, não tenho aurora como estava acostumado:
Já não ouço sinfonia do gado mugindo em coro,
Do quero-quero alarido, latido da cachorrada
Tropilhas de puro sangue, num faz de conta, manadas,
De sabugos escolhidos, que aos berros iam ponteadas. . .

Não tem prosa de galpão nestas tardes de aguaceiro,
Nem cuia de mão em mão no mate escorropichado,
Rapadura, bolo frito, pinhão num grito estalando,
Quando apinchado na alcova d’um braseiro estorricando. . .

Meu Velho amigo Rio Grande. . .
Carteio um jeito sem custo, que não vá ferir meu peito,
Pois o mesmo quietarrão, hoje é virado em porfias. . .
Parece trazer a sina destes campeiros teatinos,
Com tantas encruzilhadas que não lhes resta opção. . .

D’um sonhador alquimista, neste palco de concreto,
Virei andante nas ruas, sentindo a pua saudade,
Atristar olhos risonhos, que amorfaram por completo. . .

Hoje me pranto aos molhos, prá não dizer aos pedaços. . .
Desmanchado,cato aos nacos,meu coração quase um caco,
Desta saudade dos meus. . .

As noites que cruzo em claro tem nos anais da memória,
Por-de-sois com marcações, rodeios com gineteadas...
Da imagem da minha amada, uma beira, quase um nada
Um leve contorno à lápis, pela poeira engolfada. . .

Neste cafundó estrangeiro, ando campeando um saleiro
Onde repor minerais. . .
Uma Cacimba que aplaque, esta m’a sede de busca,
Tantos ais, e tanta angústia, que não me cabem no peito. . .
Talvez, as velhas quimeras q’inda restam pelo mesmo,
Um dia vinguem nos campos que eu vivia, mas não vi. . .

Prá amansar ânsias renhidas, ando mastigando uns versos,
Temperados com lembranças do chão onde fui parido,
Assim, ludibrio a fome, que traz por nome saudade. . .

Meu velho amigo Rio Grande,
Ando carteando uma sina,que botou flor no meu truco,
Se o carteio é pesado? Ala fresca! nem te falo,
Mas hei de rezar meu terço, nem que eu rasgue dez baralhos. .

Buenas, vou terminando, por que a soga saudade,
Q’um dia foi espichada, faz noites, vem sufocando,
E aos poucos aperta o cerco, reduzindo sua armada. . .
Deixa estar patrício amigo, que nem tudo são angustias,
Depois de tirada a cisma, enfreno minhas domandas
De tantos ais e porquês. . .

Viro a cambona na brasa, e a taramela da casa
Por fim vai cumprir função. . .
Antes que seja tarde, e tarde a hora de voltar,
Telureio campos largos, buscando teu aconchego,
Me achego num fim de tarde, prá me embriagar de amargos,
Cevados com risos, rimas, prosa, canto e amizade. . .

Deste devaneio incerto, que um dia gerou tormentas
Nas baias do coração. . .
Será bem mais do que um rito, contada aos filhos e netos
Nestas tardes chuvarentas. . .
Será tão só nostalgia d’um manuscrito traçado,
Pois o meu foi falquejado, no dia em que fui parido. . .


Cidade: São José do Ouro
Autor: João Antonio Hoffman Marin
Intérprete: Ariel Pereira
Amadrinhador: Violão - Luis Alberto dos Santos Gonzales





Dicas para declamação de poemas

1 - Escolher um poema significativo e pequeno para começar.

2 – Escrever ou copiar os versos em folhas separadas (dos livros)
para facilitar o manuseio;

3 - Dar um numero a cada verso e a cada folha para reforço da
memória visual.

4 - Procurar no dicionário o significado de cada palavra
desconhecida.

5 - Procurar entender a mensagem global do autor.

6 - começar com os primeiros versos com o uso da "ladainha", ou
repetição.

7 - Para cada verso associar imagens mentais correspondentes com se
estivesse lembrando de um cenário.

8 - Começar a declamar os versos de maneira repetitiva e em voz alta
dando ênfase à declamação ou emocionalizando os versos.

9 - Manter-se sempre a folha com os versos que estão sendo
trabalhados, usando qualquer oportunidade para reforçar a memória,
(no sinal de transito, no banheiro, nos momentos de lazer etc.).

10 - O uso conjugado de todas as memórias (verbal, auditiva, visual,
emocional, cinestésica) vai consolidando a reminiscência, pela qual
os versos se tornam a cada dia mais claros e vividos na memória.

11 - Em geral nós promovemos um encadeamento da memória em que cada
ultima estrofe declamada nos trás à superfície a primeira estrofe do
próximo verso.

12 - Com o uso das paginas e versos numerados podemos atrair para a
superfície partes determinadas dos poemas.

13 - A partir da primeira declamação em publico bem sucedida temos
um reforço extraordinário da auto-estima pela via do reconhecimento.

14 - Este prazer nos leva a buscar novas oportunidades de declamar
(que nunca faltam) , aumentando a cada dia nossa autoconfiança.

15 - A partir desde ponto podemos manter apenas o trabalho de
manutenção de poemas já dominados e exercitarmos novos poemas com
nossos instrumentos de memória já melhor qualificados.

Declamação infantil




Como já comentei aqui eu iniciei declamando ainda bem pequena, com uns 6 anos de idade. Lembro bem da primeira poesia, e ela não era digamos assim apropriada para a minha idade, falava de peleia, sangue e tudo mais, depois dessa veio a Prenda Farroupilha, do autor Dimas Costa, Prenda Gaúcha de Gonçalves Chaves Calixto, Aparição - Dimas Costa e entre outras Ofício de Mulher do autor Lauro Teodoro.
O meu primeiro troféu veio com a poesia Prenda Gaúcha, e foi com ela que me destaquei na categoria prenda mirim. Mas a poesia que mais me marcou nessa época foi Ofício de Mulher, por depois motivos: Primeiro porque o autor da mesma me convidou para interpretá-la no Projeto, idealizado por ele, Memória Viva do Galpão (cd de poemas infantis interpretados por crianças) e segundo porque foi com essa poesia que a minha irmã, na época com uns 3 aninhos se não me engano, ensaiava declamar alguns versos soltos dessa poesia, e, mais, sem ninguém ensiná-la, ela decorou de tanto me ouvir ensaiar e acabava me imitando. Depois disso, ela começou a concorrer em rodeios e também foi premiada algumas vezes com esse poema. Bom mas você deve estar se perguntando qual a relação disso com a imagem lá no início do post ?! Pois bem, aquela imagem é da poesia que faz parte da coleção " As vozes do campo", livro de poemas ilustrados para os peõzinhos e prendinhas que têm interesse em começar na arte. A coleção também é de autoria do poeta Lauro Teodoro.

Abaixo a prenda mirim Laís declamando "Aparição"- Dimas Costa.